quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Lisboa Multicultural
Como todos os dias desço a maior avenida da Lisboa. Prefiro fazer todo o
percurso a pé do que me meter em toupeiras metálicas conduzidas por homens de
farda azul. Bebi café no romeno como sempre. Já me conhece. Arreganha os lábios
como comprimento. O dente de ouro, o seu bem mais precioso a seguir à filha que
se senta sempre lá fora a balaçar as pernas e as mamas quase descobertas. Àquela
hora o chinês de cabelo ralo e bidoge fino bebe também o seu café. Há anos em
portugal e sabe dizer vinte palavras. Contei-as uma vez naquilo que foi parecido
com uma conversa. Basta-lhe para manter o restaurante clandestino na sua casa.
Durante o dia tem uma loja no rés do chão de produtos chineses, à noite serve
refeições na sala de estar. Se a policia aparece diz que são convidados e
acusa-os de racismo – uma palavra que sabe.
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