quinta-feira, 14 de novembro de 2013

New York, Até Logo

Em troca de e-mail recordei o último dia. Aquele em que tive de ir para o aeroporto. Fazer o check-in. E ver a cidade ficar pequenina. Pequenina. Até a deixar de ver. 
 
Nesse dia fiz tudo, até um certo limite, para perder o avião. Seriam momentos de pânico que iria  viver com um sorriso escondido. Fingiria-me chateado. Mas seria um fingimento. E acho que não iria enganar ninguém. Como podia deixar a Brooklyn Bridge e o Central Park? Sítios onde andei de bicicleta e a cada vez que fazia força nos pedais era feliz. Ninguém é feliz. Há momentos de felicidade. Então, aqueles foram bons momentos de felicidade.
 
Mas, além da cidade, fiquei com pessoas que vi. Ora no metro. Ora no Central Park. Oram em Times Square. Ora em Chinatown. Ora nos museus. Turistas e locais. Todos à mistura. Pessoas para quem inventei nomes e passados. Mas a todos desejei um grande futuro. A mim desejei um futuro ali.
 
Sempre que voltava para o hotel, fazia o mesmo caminho. Porque tinha escolhido uma casa onde viver. E olhar para ela imaginava a minha vida ali. Paráva e apertava-lhe a mão, olha, é ali. Disse todos os dia. Ela nunca me contrariou. Não se contraria os sonhos de um louco, deveria ter pensado. E eu agradeci-lhe em silêncio.
 
Mas, naquele dia, era altura de regressar. E tudo fiz para atrasar-me. Atrasar-nos. E só não perdemos o avião porque um velho da América do sul com farto bigode e pouco dentes acelerou à procura da gorjeta. Falava mal inglês. Mas o seu espanhol e o nosso português quebrou barreiras. Pelo meio da nossa conversa, entre slalow de carros, disse New York Yankees. E ele achou por bem fazer um desvio para vermos o estádio. Pensei, é aqui. A minha oportunidade de perder o avião e não me vão culpar. Vi o estádio e não perdi o avião. Mas enquando nos aproximávamos do estádio, que fica em Harlem, pensei na cena inicial da "Fogueira das Vaidades" e Tom Wolfe. Como de certa forma os meus autores preferidos encontram sempre uma forma de me encontrar.  

2 comentários:

Mafalda Beirão disse...

:) Esboço um grande sorriso ao ler isto, sabes?
E mais uma vez te digo - é porque (ainda) não era para ficares!

E disse...

;)

mesmo que nunca seja para ficar, já a tenho, de alguma forma.