terça-feira, 26 de novembro de 2013

Todos Nos Vendemos Aos Pedacinhos

Uma amiga tem uma página de facebook. A página é de um blog. Nesse blog vivem pacificamente política e moda. Umbilicalmente interligados pelos seus interesses. Como numa parelha inusitada que sobrevive à mercê da sua vontade. E ela, a minha amiga, queria divulgar a página. Sem nada para entregar, sortear ou oferecer, pensou nas suas opções. Não tinha qualquer parceria além dela própria. Leiloar a sua vingirndade seria publicidade enganosa e seria difícil contornar uma moralidade que proclama. Mas vender-se em nome de algo poderia ter várias interpretações.

Assim, organizou um concurso cujo prémio era um lanche por ela patrocinado num dos seus sítios preferidos, o Poison d'Amour no Príncipe Real. Mas nesse lanche ela seria a companhia. No fundo ela era o prémio. O pretexto um lanche. Num sítio bonito. Num sítio agradável. Num sito na moda. Com o glamour parisience à espreita.

E esse prémio faz todo o sentido. Por detrás de cada blog está uma pessoa. Quem quisesse participar teria de partilhar o post ou o blog. O que quer dizer que estavam a partilha-la a ela, a pessoa. Porque no final existe tempo dessa pessoa que é dado. Essa pessoa que escreve no seu blog é maior que a criação. O criador nunca poderá superar a criação. É uma lei antiga. Continuamos a olhar para deus (ou Deus), procurando-o alcançar sabendo da impossibilidade da missão.

No fundo Oscar Wilde tinha razão, apesar no esgoto, alguns apontam para as estrelas. E a única forma de as alcançar é através das pessoas, da nossa pessoa. O que mais valioso temos. E foi isso que a minha amiga fez. Sou maior que um qualquer produto.





Always recognize that human individuals are ends, and do not use them as means to your end.
Kant

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