domingo, 17 de novembro de 2013

When Doves Fall

Neste dia coberto passeava de mãos dentro dos bolsos do Barbour com a gola levantada e a máquina a tiracolo. Ela caminhava à minha frente. Cabelo apanhado que balançáva para a direita e para a esquerda. No ar apenas os normais sons de uma cidade que descansa ao domingo. Tudo é mais baixo. Tudo é mais lento. Tudo até ao refolhar dos galhos da árvore onde passávamos. Como se o céu fosse pesado, um pombo bate no chão. Atravessou galhos e folhas e tombou no chão. Lutou durante uns meros segundos contra o magnetismo de uma morte que se aproximáva. Lutou para morrer num sítio onde não viveu. Voou com vida. Morreu com a calçada como cama.

Ver a morte ao pé é sentir frio. Mesmo de um pequeno animal. Cair porque a vida fugiu-lhe. E ali, longe de tudo e todos, no meio de uma praça de Lisboa deixou de ter força para o coração lançar sangue para o corpo. Não fez um único som. Apenas naqueles segundo tentou mexer-se com a rapidez que conseguia para se libertar do que lhe esperáva. Foi tudo muito rápido. Tudo seria ineficaz.


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