segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Noite Dentro



Uma estação de metro à noite é uma coisa desoladora. Um tunel debaixo da terra onde toupeiras de metal nos levam de um ponto para outro.

Sentei-me num banco ao lado D`Ela.  Demos as mãos. Ela esfregou as delas nas minhas para nos aquecermos. Ajeitou-me o chacecol. Prepara-me para o frio. Não ouvimos nenhuns passos. Nenhum som que não o metal a chiar de dor. Levanto os olhos. Ele segue os meus. E na parede, como sempre, desde há muito. O que penso, o que sinto. E li, pela primeira vez, numa estação de metro. Que é um local desolador:

Entrei numa livraria pus-me a contar os livros que há para ler. E os anos que terei de vida não chegam. Não duro nem metade da livraria. Deve certamente haver outras maneiras de se salvar uma pessoa. Senão estou perdido 

Enquanto escrevo a frase no iphone. Ele tira uma panoramica. Mas não me diz. Deu-me depois. Está tremida, era do frio. 

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