quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Her


O amor é uma coisa lixada. Que quando falta e se alia à solidão, os resultados são sempre inesperados. Podemos amar quem não estamos à espera. Podemos amar o que não estamos à espera.

De um lado temos Joaquin soberbo e do outro Scarlett que, sem aparecer, mostra como uma voz é mais que suficiente. As palavras, o timbre, a entoação é sensusal. E é, por vezes, sexo sonoro.

Ao longo do filme senti embaraço. Como se não devesse assistir à intimidade de alguém que me é alheio. Quando duas pessoas, em plena comunhão e resguardados de outros se mostram completamente uma ao outro. E eu, nós, os outros da plateia, assistiamos.

É um filme do hoje. De um olhar para o futuro. De amanhã. Daqui a uns anos. Ataques românticos a uma desconexão sobre o desumamento e a ligação ao digital. Passamos mais tempo de roda de ecrãs do que de pessoas. Quanto tempo faltará para nos apaixonarmos por um? A ligação emocional que se tem aos iPhone e à Siri é o prefixo.

Her, Ela, A história de amor entre ele e ela, a voz, é bonita. Intíma. Desconexada. Embarançante. Mas, não é isso que acaba por ser o amor?



À saída do cinema, noite dentro, e sem sono, de braço dado com ela sob um guarda-chuva esverdeado, passei por uma casal. Apenas via as pernas dos dois. Mas ouvia-lhes as vozes. O que achei irónico, em consideração ao filme. Dizia ele para ela, que tinha gostado do filme. E ela dizia também. E testavam a Siri nos seus iPhones. E ela diz, era um mundo de hipsters com Siris mais evoluídas. E ele responde, faltou ao Steve Jobs colocar uma voz sexy na Siri. A realidade é sempre mais fascinante que a ficção. Uma inspira-se na outra. E a outra é a mimética da outra.

4 comentários:

Mafalda Beirão disse...

Acho que a imagem conta sempre muito - e confesso que não era filme que me seduzisse. Sei lá, visualmente, o poster, logo por aí, não tinha qualquer tipo de atracção pelo mesmo.
Mas depois de ler isto... Tenho de ir procurar os horários dos cinemas!

Lia disse...

Ao contrario da melody, foi precisamente o cartaz que me convenceu...
O teu texto acerca do filme está perfeito... mas foi o cartaz que me apaixonou. E faço questão de ver o filme!

Obrigado pela sugestão, E.

CAP CRÉUS disse...

É pá.Já vi isto e não gostei nada mesmo.
Sim, a voz da Scarlett muito sensual mesmo, mas o resto...
claro que dá que pensar, mas...

E disse...

Melody,

Eu foi com o trailer. quando o vi achei que gostaria de ver. E o filme surpreendeu-me.

Lia,

Tens de ver e tirar as tuas conclusões. Eu não adorei, mas gostei muito.

Cap

Consigo perceber-te. É um filme, de certa forma, estranho.