quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Minha Versão Do Primeiro Jogo Da Selecção

Quis o destino - e os meus planos mal calculados - que não visse o jogo. Apenas ouvisse o relato ao longo da auto-estrada deserta com o sol a pique. Mas não lamento assim tanto, gosto de ouvir relatos.

Mas não ouvi apenas o jogo. Ouvi os comentários pós jogo. E ouvi a antena aberta aos ouvintes. E ouvi um senhor, deste Portugal distante e profundo, que sozinho, sem ninguém, voz arrastada de um AVC e de coração aberto da dor de ter perdido a sua companheira - sim, contou tudo isto de comentar o jogo - falou mais para ele do que para nós, os outros ouvintes.  Na sua dor queria esperança. Alegria por um jogo de futebol.

É impressionante as pessoas que Portugal tem sozinhas. Esquecidas de todos. Que se alimentas de pequenas vitórias. Ligam para televisões e rádios apenas para falar. Ouvir outras vozes. Interagir com os seus. Com iguais a si. E, além da alegria de golos, era isso que aquele senhor queria também.

E claro. Queria o sonho de vitórias. Como todos nós. Futebol é a coisa mais importante de tudo o que não é importante. Disse o senhor no fim. Eu sei disso, dizia. Mas ainda choro com as derrotas e sorrio nas vitórias. E o comentador no final agradece o comentário e diz que nada une mais que a dor e o amor.

E no final é só um jogo. Sim. Um jogo. Nada mais que um jogo.

Sem comentários: