terça-feira, 23 de setembro de 2014

Somos Todos Humanos

Cheguei a casa e comecei a ouvir Interpol. Comecei a ouvir Interpol porque me faz sentir humano. Porque Interpol é triste e melancólico e eu gosto. Mas o que interessa é o que aconteceu desde que desliguei o computador no trabalho até chegar a casa e começar a ouvir Interpol.

Saí com o carro da garagem e alegrei-me por estar sol. Incrível como o sol nos alegra. Pouco que seja. E passado apenas dias de ter regressado das férias (na realidade, já foi há mais de uma semana). Liguei-lhe pelo Facetime, hoje não ia ao crossfit tinha um pouco de tempo. Decidi que era o dia ideal para levar aquelas camisas à lavandaria. Atravessei avenidas e ruas de sempre. Não me importei com o trânsito. Estava sol e não tinha pressa. Procurei um lugar para estacionar e não me importei que ficasse um pouco longe. Caminhei devagar (como faço sempre, sou adverso à ideia de andar rápido) até virar uma esquina. Ali, um aglomerado de pessoas forçava um homem a ficar no chão. Ele não dizia coisa com coisa. Tinha um corte que lhe atravessava a cara. O sangue cegava-o. Eram 4 homens para o manter no chão. Uma senhora ao telefone aos gritos com a assistência tentava dizer onde estava. Mas o susto e o pânico só a faziam balbuciar. Liguei de seguida para assistência. Tinham percebido a senhora que tinha ligado, disseram-me, já estavam a caminho. Quando desligo um rapaz na casa dos vinte atravessa a avenida à corrida. Sem nada que o identificasse particularmente, um perfeito john Doe, ajoelhou-se do homem caido. E sozinho conseguiu acalma-lo. A assistência chegou e ele conseguiu explicar tudo em meia dúzia de palavras.

Somos todos humanos, mas alguns são heróis.

Cheguei a casa e comecei a ouvir Interpol.

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