Todos fazemos por ser felizes. Ainda que nos tenham esmagado os sonhos mal saímos da faculdade. E a culpa é das expetativas. Fomos educados que todos os sonhos eram possíveis, era apenas estudar. No fundo, Eça tinha razão n`Os Maias, Portugal é - era - um país de doutores e engenheiros. Vivemos em casas minúsculas que atolhamos de móveis do IKEA porque são engraçados e baratos, mas sonhamos com a Àrea ou com cadeiras que perseguimos na amazon na esperança de baixarem uns euros. Afinal, são cadeiras de designers. Compramos coisas e somos felizes na trasferência de afectos para coisas. Coisas inanimadas que não nos respondem. Não nos tocam. Não nos beijam. Mas são gadgets caros e sentimos que é um pequeno luxo daquilo que nos prometeram. Revemo-nos em filmes como o Fight Club:
And I wasn't the only slave to my nesting instinct. The people I know who used
to sit in the bathroom with pornography, now they sit in the bathroom with their
IKEA furniture catalogue.
Hoje no caminho para o trabalho vi duas pessoas dos meus tempos de faculdade. Nenhuma delas me viu. Primeiro vi uma colega. Alta e magra num vestido preto. Elegante mas de olhar pesado. O batom encarnado a única cor de alegria na sua imagem. Depois vi um antigo assistente, caminhava com os seus dois filhos pela mão e as raquetes de ténis às costas. E tinha o olhar gasto e cansado. E aposto que ambos tentam ser optimistas. Por eles. Pelos seus. Por alguns conhecidos. E aposto que em casa os móveis são IKEA.
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