O João Pedro. Agora é João pedro. O meu amigo João tornou-se o João pedro. É assim que o chama a nova namorada. A Mariana. Conheceram-se na Consultora onde trabalham. Ele atraiu-se pelas pernas altas que saiam da saia lapis. E comprrendo, são umas belas pernas. Mas agora não me pronuncio mais. Afinal é a namorada do João Pedro. Raios!, João Pedro, não me consigo habituar. É o Jota desde que me lembro. Está-se a aburguesar. Bem, o João Pedro convidou-nos a todos, por intermédio da Mariana, a irmos passar o Fim-de-semana no monte aletejano da família. Tão fino o convite. Tão Mariana. Pelo menos com a imagem que temos dela (eu tenho) . Partimos numa sexta-feira depois do trabalho. Embalados pelo por do sol. Que bonito.
Recebeu-nos com Gin para todos. Com raminhos de hortelã e frutos vermelhos. Não gosto de Gin. Mas bebi. Todos gostam de Gin. Ou dizem que gostam. E todos já bebem há imenso tempo, não é da agora. De agora são os adeptos do que está na moda No final pergunto-lhe se tem uma cervejinha. Claro, diz-me ela. Indica-me quantas divisões tenho de passar, para a esquerda ou direita num determinado corredor até chegar à cozinha. No frigorifica estão lá. Obrigado.
Na cozinha uma miúda de vinte e poucos anos. Loira de cabelo liso. Calções de ganga curtinhos a definir a cintura. Parte de cima de um bikini da moda. O peito é pequeno. Está a beber uma cerveja encostada ao balcão. Olá, digo-lhe. Abana-me a cabeça e faz uma careta. És amigo dele? Olho para ela com mais atenção. A voz denuncia-lhe a idade. Se por ele te referes ao Jota, sim. João Pedro, corrige-me ela. Reviro os olhos, sim, isso, o João Pedro. É assim que ela lhe chama, diz-me ela. Bebo um bocado. Encosto-me ao balcão também. Só depois pergunto, e tu, és? A irmã da Mariana Diz-me ela. Abano a cabeça em sinal de concordância.
Gostas da minha irmã? Pergunta-me. Olho para ela de lado. Eu acho-a demasiado snob, continua ela. Mas gosto dela, claro. Mas é snob. Riu-me e concordo. É um bocado. E o teu amigo Jota vai pelo mesmo caminho. É o que acontece 90% dos casos digo eu. O quê? Pergunta-me. Aponto para os dois com a garrafa pela janela. Fica-se sempre igual, ou parecido, com quem andamos. Mais nós, gajos, menos vocês, raparigas. Ela olha para mim intrigado. Quntos anos tens, pergunta-me. Trinta e cinco, respondo. Mentira, diz ela. Antes fosse, replico.
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