Quando chega a hora de almoço levanto-me autónomo e aqueço a minha comida. Como em frente do computador que subida e descida continua a dar os tiques da bolsa. Um dia quase que vomitei para cima do teclado quando a bolsa parecia um escorrega aquático. Agora estou mais forte. Aquilo não me incomoda. Não é o meu dinheiro, de qualquer das formas. Invariavelmente vejo o Facebook e o instagram. Ultimamente tenho dedicado tempo ao instagram. Vejo amigos antigos. Daqueles da preparatória ou dos primeiros anos da faculdade. E tenho saudades deles. Bem, saudades das memórias deles. Não sei como estão. Talvez se tenham tornado uns filho da puta do pior. Ou talvez seja eu que me tenha tornado numa besta. A verdade é que perdi a conta aos amigos que deixei ao longo do tempo. Um tipo desculpa-se com o trabalho. Com as namoradas (ou engates, vá). Com o tempo. Com o cão. Com o carro. Com uma merda qualquer. E eles, os amigos, vão-se embora. e ficamos nós em frente do computador a almoçar sozinhos. É giro, isto.
No outro dia, no andar em cima de mim, os estudantes estavam a dar uma festa. E eu jantava ao som de passos, risos e vozes indefinidas. Depois tomei a sobremesa ao som de uma foda que acontecia algures num dos quartos de cima. O tipo dava-lhe bem. Não sei se ela estava a gostar. Mas ele não parava. Qual perfuração contínua até ao fim. Mas a festa continuava. Era apenas mais ruído. Era uma quarta-feira. Mas parte de mim pensava numa desculpa para poder lá a cima e dizer, vamos embora, onde está o álcool? Quão triste? A minha irmã deixou cá em casa um livro sobre o Dalai lama. Não sei se é alguma indirecta. Folhei o livro enquanto o tipo gritava por cima da música, estou-me a vir, estou-me a vir. E ela, vem-te, vem-te. Talvez cansada de estar em frango assado sendo perfurada ao ritmo de um berbequim. Mas a meio encontro uma citação: não tinha metade dos amigos que tenho se sorrisse menos. Sacana, amanhã experimento.
Olho e só tenho o computador. E os tiques da bolsa.
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