segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Street style é de todos e não é de ninguém



Existe um tumblr com um dos melhores nomes que conheço: Humans of New York. O título é directo ao objectivo, fotografias de pessoas de Nova Iorque. Bonitas, feias, gordas, magras, bem vestidas, mal vestidas. Coloridas, vestidas de preto, alternativas, diferentes, iguais. Tal como a cidade onde vivem. Igual a tantas cidades, tem ruas, avenidas, carros, pessoas a andar de carro e varas de famosos. Como todos os projectos iguais de street style este é diferente. Na mesma categoria mas situado ao lado. Pela imagem de todos diferentes, todos importantes, todos com lugar ali, no tumblr, ali, na cidade. A DKNY também achou. E num mercado livre fez uma proposta por 300 fotografias. Fotografias que tinham rosto. Fotografias sobre pessoas que aceitaram ser fotografas para o Humans, porque é o que elas são, humanas. Não sei, nem interessa, se quando aceitaram foi mediante alguma contribuição. Se quando aceitaram foi apenas para o tumblr ou para futuros projectos do autor. A verdade é que aceitaram. E a DKNY queria essas 300 fotografias. Estava disposta a pagar 15.000 dólares. O autor entendeu pouco. Talvez não porque as fotografias estejam excepcionalmente bem tiradas. Talvez porque façam parte de um conjunto que no total valem mais que esses 15.000 dólares (quando escrevo são cerca de 11.000 euros). A DKNY recusou aumentar a proposta. Num mercado livre há uma proposta e se não tiver receptividade não há negócio. Mas em suma, a DKNY entendeu nenhuma das fotos valerem mais que 50 dólares cada uma. 

E porquê? Talvez porque no outro lado do mundo não existam regras. Em Bangkok a DKNY pegou em 300 fotografias do Humans of New York e fez aquilo que queria fazer desde o início: colocar como decoração nas suas lojas. Fê-lo em Bangkok – talvez noutros sítios também. Afinal, faz sentido O NK do DKNY é New York. Mas a propriedade das fotos não são suas. Não seremos falsos moralistas, a net está pejada de fotografias cuja propriedade não é de quem as publica. Há aqui uma linha muito difícil – a existir linha – entre o roubo, a usurpação e a legalidade. O que é verdade é que a DKNY colocou-se a jeito. 

E, além do pormenor de soberba importância em cima, há outra questão. Quanto valemos nós? A DKNY, cheira a inspiração de Nova Iorque. Coloca-a no seu nome. Faz um produto para suas pessoas. Para as pessoas do mundo. Mas acha que essas pessoas, as pessoas reais que utilizam as suas roupas não valem 50 dólares (37 euros quando escrevo). Vendemos a nossa imagem por quanto? A nossa imagem somos nós? Dorian Grey vendeu a sua juventudo pela sua beleza. Pagou caro o preço. E agora, qual o preço da imortalidade em fotografia?

1 comentário:

Sue disse...

Mas neste caso, tambem nao acho correcto que as fotos fossem vendidas (ponto final)