- Conhecias o meu avô?
- Tenho pena. Sim, conhecia. Ajudou-me a arranjar a minha mota. Um Casal velhinha que comprei no ferro velho. A minha irmã às vezes vinha-lhe entregar um bolo.
- Vives com a tua irmã?
- Sim. Mais a minha mãe.
- Desculpa se não me recordo de ti.
- Não faz mal. Vais ficar cá por muito tempo?
- Sim. Mudei-me para cá.
- Sério? Tanta gente a querer fazer o contrário. Eu um dia quero ir para Lisboa. A minha irmã não se importa de cá ficar. Ela gosta disto.
- Tu não gostas?
- Gosto. Mas quero ir para a faculdade e depois ficar lá a trabalhar.
- Quantos anos tens?
- Tenho 15.
- Mas não vais ter saudades disso? Aponto-lhe para a prancha.
- Ah, vocês também têm praias lá em cima. Também fazes?
- Não, não. Nunca fiz. Não tenho jeito.
- Não é uma questão de jeito, mas de querer.
- O querer às vezes não é tudo.
- Quantos anos tens?
- Porquê? Perguntei confuso.
- Porque estás a falar como um velho.
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