quinta-feira, 21 de março de 2013

Grande Alface vai apanhar o Comboio à meia noite


Lembrei-me do título quando estava a correr. Gosto de correr à noite. Corro por ruas de Lisboa. Sou uma mancha. Sou invisível. Sou mais um corpo que se move. Desta vez à corrida. Mas o título era para o novo de Jeremy Irons cuja acção se passa em Lisboa. Uma Lisboa, dizem – eles, os críticos – melancólica e com charme. Mas como ainda não vi o filme, não sei.

Desde há uns dias – acho que correcto seria dizer semanas, desde uma certa conversa com ela – me debato sobre a importância do conto como género. Eu não sou o maior adepto. Ainda que todos os meus projectos acabem por se tornar contos. Todos maus. Todos não publicados. Todos com ambições de serem algo que nunca foram. Acho que já são uns quantos. Talvez juntos formem algo jeitoso. Mas em Portugal não se publica contos. Em Portugal não existe um Carver. Que se dane, não existe um Carver em mais lado nenhum.

Quando cheguei a casa sentei-me ao computador e levantei-me logo de seguida. Fui buscar os dois livros de contos que tenho. Três, se contar com Última Saída para Brooklyn (e este claramente não foi pensado para ser conto, as partes tocam-se para fazer um todo). O Gato preto sentou-se na mesa em frente a olhar para mim. Não sei o que esperava conseguir. Se queria ter uma epifania. A verdade é que passados uns minutos me levantei e fui tomar banho.

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