quinta-feira, 11 de abril de 2013

O Tubarão está à venda



E chamaram-lhe arte. Esta é a história de um pequeno tubarão que foi pescado na costa da Austrália. O seu corpo é embalsamado. De forma a mostrar toda a sua agressividade. Arranjaram uma tabuleta com“Shark wanted” e pronto. Assim se fez arte. Depois, bem, foi leiloado por 12 milhões de dólares. O autor: Hirst. Esta é uma sub-história de uma entrevista da Sábado.

O que me chamou a atenção não foi o estranho mundo da arte. Mas sim, o conceito arte. É difícil ajuizar arte. Principalmente para um leigo, como eu. O mundo tem poucos entendido, mas muitos apreciadores. E no meio desta desproporção, o conceito esfumou-se. Um amigo meu, que partilha o primeiro nome comigo – e curiosamente refiro-o muitas vezes – diz-me frequentemente que se não tem, no mínimo, 200 anos, não é arte. Não concordo. 

Há uns meses fui a abertura de uma galeria, a convite dela. Senti-me um proto intelectual que faz críticas para revistas. A menina da recepção era bonita. Mas arrogante e snob. Ou dava ares disso. Eficiente sem grandes sorrisos. O cabelo bem apanhado, maquilhagem discreta e uns lábios rosa suave. Anotou os nossos nomes num iPad e mostrou-nos a entrada. Ali, tipos e tipas bem vestidos passeavam-se de copos com líquidos coloridos nas mãos. Paredes brancas onde quadros e instalações mostravam-se ao mundo. Algumas pessoas nervosas estavam ao pé do que se queria passar por arte. Seria? Não sei. Algumas coisas eram giras. Ela cumprimenta uma rapariga de olhos claros e cabelo cumprido com uma túnica indígena a fazer de vestido. A sua amiga. A artista. A que nos convidou. Mostrou-nos a obra dela. Não era um tubarão. Não era um quadro. Era um ninho em tamanho urbano. Ou pelo menos eu acho que era. No centro uma pintura extremamente realista de algo que não consegui identificar com precisão. Tudo ali era muito elitista e forçado. Não havia muitos sorrisos. Não havia malas baratas nos braços das mulheres. Não havia blazer neles que não tivesse um lenço na lapela. Mas, estranhamente, era arte.

2 comentários:

Anónimo disse...

detesto esse tipo de arte, que tem de ser vendida em pacotes uniformes para gente desprovida de personalidade. onde todos têm de pertencer ao gang do snob chic.

E disse...

Gang snob chic, muito bom!