quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Paralisado Nada Digo, Ela Está Cansada

Esgotada faz uma pausa e acende um cigarro. Fuma em silêncio esquecida que estou ali. O tempo balança a sopros do fumo que deita para fora depois de o inspirar. O cigarro vai ficando mais curto e é tudo o que bate os segundos do tempo. Tudo o resto é imutável à sua passagem. Penso em grande velocidade, tanto quando consigo, a empurrões forçados de concentração, para inventar algo para dizer. Que me lembro dela. É mentira. Que era muito bonita. Que é mentira, apesar de poder ser verdade, porque não lembro dela. Que aqueles tempos que fala são estranhos para mim hoje. Mas se o disser ela fará perguntas. O meu embaraço, o meu buraco social será ainda maior. Podia argumentar com os livros que li. Com as revistas que me enchem o cérebro com vidas de outros. Com um desejo de algo mais que nunca soube o quê. O tal plano que a vida me lixou. Mesmo que eu nunca tenha sido notificado do mesmo. Do plano e do seu falhanço. 

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