A importância dos flashes nas ruas têm o seu contributo para compreender o mundo onde vivemos. A par dos livros, das revistas e dos sites existem as fotografias. Há uns anos li uma entrevista no New York Times a um historiador. Ele dizia que a sua tarefa era difícil. Só compreendemos o presente e podemos tentar adivinhar o futuro se olharmos para o passado. Mas ele interpretava de forma diferente este dogma. O presente, que será passado, é demasiado complexo. Tem excesso de informação. E olhar para os costume designers de hoje será um dia como olhar para os bailes em Viena de Áustria. Perceber como as classes privilegiadas viviam. Olhar para Maria Antonieta que se rodeava dos maiores luxos quando França morria à fome. Não me recordo muito mais da entrevista. Apenas esta ideia: o presente tem demasiada informação que tornar-se-á quase impossível escrever a história actual com factualidade num futuro.
Mas volto a Maria Antonieta. Porque no filme de Sofia a realidade presente estava bem retratada no passado. Numa lógia inversa. Não é o passado que nos faz perceber o presente, mas o presente que nos faz perceber o passado. Num mundo em crise uma mala Chanel escandaliza tudo e todos. O sonho materialista é blasfémia. Como era no filme uma Paris, hoje capital do luxo e charme, ser na altura uma cidade com fome. Onde Maria Antonieta comia cupcakes que são imagem contemporânea de uma série americana. O filme retrata de forma subliminar um excesso. Não um excesso de mais, mas um excesso de dois pratos da balança que se esqueceu do fiel.
Street style. É hoje um olhar para os bailes de antes. Naqueles salões dourados. Onde Orgulho e Preconceito mostra que as classes são esbatidas quando a paixão nasce. Mas agora é na rua. Nos jardins. Em todo o lado.
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