segunda-feira, 9 de junho de 2014

A Surpresa

Via no outro dia televisão em casa. O Gato preto em cima das pernas e Ela ao meu lado. Na televisão uma peça sobre um Hotel nos Açores dado ao abandono. A degradação de um imponente edifício que em 4 anos perdeu todo o ar de um dia ter sido mais que paredes juntas. Há já anos que não tinha clientela, estava encerrado. Mas os últimos 4 anos tinham-no morto. E ao longo da peça a pergunta era feita:

Como é que é possível?

Mas não há surpresa nesta pergunta. Hordas de pessoas de rosto perdidos são o reflexo do abandono pelos seus. Ou por aqueles que um dia foram os seus e eles foram os deles. São hoje cárceres de carne de pessoas que um dia foram. Os olhos já não brilham. São como edifícios que povoam lisboa ao abandono. Como este Hotel. Não é surpresa, humanos abandonam outros humanos. Como não vão abandonar edifícios? Janelas que são olhos sem cortinados, são órbitas vazias de vidas que dantes passavam lá dentro.



3 comentários:

Anónimo disse...

Pois, não há surpresa. Humanos abandonam outros humanos, animais, edifícios... como meras coisas sem valor!

E disse...

Até um dia em que somos nós os abadonados.

CAP CRÉUS disse...

Agora importa saber, a porca da razão da permanência daquilo ali. Impressionante.
Deixam construir onde lhes apetece e depois ninguém manda abaixo atentados deste género.
Este ralo...ai este ralo...