quarta-feira, 11 de junho de 2014

Naquele Tempo

Ela silenciava-o com os lábios. As palavras morriam-lhe na garganta às ordens dela. O mito da comunicação necessária para o desenvolvimentos deles. De ele com ela. De ela com Ele. Era transformado em túmulo esquecido. O silêncio é respeito pela individualidade de cada um, dizia-lhe ela baixinho ao ouvido. E ele acreditava. Naquele tempo ele acreditava em tudo que ela lhe dizia. Como o desejo ser o impulso para os dois. Os corpos encaixados um no outro na cama. Descobertos de lençóis. Cobertos pela luz da noite. Naquele tempo transformou-se neste tempo. E a noite ainda os apanha lado a lado na cama. Sem lençóis. Nus. De mãos que percorrem os seus corpos. E o silêncio ainda existe. Assente em intervalos de conversas essenciais. Carregadas de carinhos e palavras doces. De verbos. Porque amar não é um estado, mas sim ação.

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