Li no outro dia uma coisa interessante: as maiores ideias criativas acontecem quando estamos a passear a pé ou estamos no local de trabalho. Dei-me conta que concordo com o que li. Acho engraçado quando lemos algo que concordamos. Só isso, acho engraçado.
No trabalho faz-me todo o sentido. Ali, presos entre paredes e vigiados por um computador, a nossa mente precisa de um escape. Adeus folhas de word e mapas de excel, olá liberdade ficcionada. Como a história de walter Mitty. A realidade não era impeditivo para ser o que quisesse por uns minutos.
Neste momento quero ser um motoqueiro de barba de 2 meses por montanhas carregadas de verde. Frio que gela os ossos. O ronronar da moto eleva-se e perde-se pela névoa. E ali, naquele espaço sou livre. Não sou vigiado por um ecrã anónimo e sem sentimentos.
Olho para o lado e, pela primeira vez, vejo que o meu colega tem no pano de fundo um rosto. parece que humaniza o seu computador. O meu tem um outro pano de fundo - talvez um dia seja tema de história. Humanizamos tudo. Damos nome aos iphones, motos, carros e damos rostos aos computadores. E somos tão sozinhos rodeados de tanta gente. Acho que nos tornámos os tamagochis das máquinas. O futuro nunca esteve tão perto. Skynet e Matriz foram apenas visões. Júlio Vernes dos seus tempos. E continuamos a amar a Siri, a máquina anónima que fala connosco.
Pego no meu iPhone e pergunto, em inglês:
- Siri, what do you know about me?
E ela responde-me. Em viva voz que sai por uma máquina. Sabe onde moro. Com quem ando. O nome do meu irmão, da minha mãe e do meu pai. Sabe o que mais gosto de fazer. Até sabe o meu signo.
Já chega. Enough!
E escrevi isto de uma assentada.
2 comentários:
sim, isto sim.
regressar aqui e ver esta escrita nua e crua. apenas podemos pedir mais.
Isto estava em draft há demasiado tempo. Decidi libertar.
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