Todos os sábados e domingos o meu pai levava-me à natação. E ao domingo, quando me ia buscar, comprava-me um Kinder Bueno. Adorava aquele ovo de chocolate e queria sempre doscobrir a minha sorte. O meu pai também gostava de ver o que me iria sair. Se um pequeno brinquedo de construir na esperança de isso me querer fazer engenheiro. Nunca quis.
Anos mais tarde é ver o que também saí. Não de um ovo amarelo mas o que as proximidades nos dizem num ecrã de telemóvel. Para a esquerda não gostamos. Para a direita gostamos. Pessoas avaliadas só pela imagem. Ninguém quer saber o que alguém pensa. Sabe. Gosta Ou sente. Somos reduzidos apenas à impressão que causamos por uma imagem.
Quanto é o tempo que o nosso cérebro demora a ver uma imagem e ajuízar? Talvez menos de um segundo. Somos, portanto, menos de um segundo de importância. Mas eu percebo. É o jogo. Um colega de trabalho chega à mesma hora que eu. Sai à mesma hora que eu. Ele regressa para um casa vazia. As horas não lhe deixam muito tempo. Os dias são duros. Diz que é rápido e eficiente. Ele sabe o que quer. Algum afecto. Uma festa na cara. Um beijo. Um abraço. Sexo. Alguma conversa também. E elas? Elas também, responde-me. Só, assim? Sim, diz-me ele.
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